Nascemos como fruto do amor.
Morremos, vamos ao encontro do Amor!
Um dia entrei na história,
numa história sem rosto e sem nome até.
Sem consciência de mim,
nem do mundo em meu redor,
criança indefesa,
nasci.
Fui acordando pouco a pouco
ao deslumbramento das cores e das coisas,
á ternura do meu lar.
Era tudo tão bonito e puro;
sabia à manhã da criação,
da qual eu pensava ser o centro.
E, passo a passo,
comecei a ser eu.
Eu, na luz do dia,
eu, na escuridão da noite,
eu, na contingência que tudo limita
no tempo e no espaço.
E comecei a compreender
que, neste mundo,
por mais anos que vivesse,
nunca acordava de todo,
pois nunca chegaria a ser.
Adão destronado,
nunca foi para um tal paraíso que nasci.
Foi para um dia sem noite,
para um sol sem ocaso,
para um Amor sem fim e sem medida,
do qual o amor humano
não pode ser mais que um pálido reflexo.
Parcas implacáveis,
cortai-me as amarras do efémero.
Quero voar para o azul infinito,
da Certeza, da Verdade, do Bem.
Ó Morte, minha mãe,
tu que me geras para a Vida-vida,
sê benvinda!
Por ti vou nascer de vez,
por ti vou ser em plenitude,
por ti vou perder-me para sempre no Amor!
in, Oásis